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[Males do Estado 'laico']


Infame composição sobre fotografia de Duarte Carvalho
Infame composição sobre
fotografia de Duarte Carvalho

Muito tem sido dito sobre os benefícios de um Estado laico, da separação entre o Estado e a Santa Igreja. Mas, se é indiscutível que o homem laico «é um monstro cujo desenvolvimento estagnou num estádio inferior»2, quão superior à animalesca anarquia poderá ser uma tal (perdoem-nos o uso lato da palavra...) “civilização” laica?

Esses supostos benefícios mais não são do que uma mistificação de forças jacobinas que orquestram na sombra, obnubilando a memória histórica da Pátria3. Pois não só a união entre os poderes temporal e espiritual não é prejudicial, como — deveras — é desejável; adicionalmente, essa relação simbiótica é mesmo natural, por três ordens de razão que passamos a expor.

Em primeiro lugar, e conforme nos lembra o Apóstolo S. Paulo (Romanos 13:1), «Não há autoridade que não venha de Deus. As autoridades que existem foram estabelecidas por Deus.» Será lícito, então, o governo dos Homens não prestar contas a quem está hierarquicamente acima dele, aos representantes d’Aquele de cuja autoridade é fiel depositário?! A resposta é clara e devemos gritá-la bem alto: NÃO!

Por outro lado, se o Homem é corpo físico, é antes de mais espírito insuflado no barro virgem do Éden primevo. É a alma que faz de um ser biológico um homem — homem sem alma é bicho. Pela mesma ordem de ideias, governo sem consciência moral não é governo: é uma aberração que ofende ao Criador.

Finalmente, abundam os exemplos que ilustram a conveniência de uma relação profunda entre o Estado e a Santa Igreja. Sendo o nosso espaço limitado, ficar-nos-emos por um único, retirado de uma (aparentemente) singela publicação4, que felizmente vai chegando aos lares portugueses. Data venia, passamos a reproduzir, com ligeiras elipses, este verdadeiro material nobelizável.

Qui habet aures audiendi, audiat!


PORTUGAL POUPADO À GUERRA

[...] Era 13 de Maio de 1940. O Padre Cruz rezava na Capelinha das Aparições [...]. [...] uma senhora [...] aproxima-se dele e diz:

— Peça, Senhor Padre Cruz, peça a Nossa Senhora que a guerra não venha para Portugal.

O santo velhinho fita os olhos na Senhora da Capelinha, e depois volta-se para a senhora: — Não, minha filha, a guerra não virá a Portugal, mas nós teremos que sofrer muito.

Assim aconteceu: Portugal escapou à guerra de 1939–1945, mas teve de sofrer as suas consequências: falta de alimentos e combustíveis, etc...


Ora, toda a pessoa honesta sabe (está profusamente documentado) e tem de admitir que, se não entrámos na II Guerra Mundial, tal se deveu aos hercúleos esforços do Il.mo Sr. Presidente do Conselho, Prof. Doutor António de Oliveira Salazar5 (sit tibi terra levis). Tivesse havido a necessária (indispensável!) sinergia entre o Governo da Nação e a Santa Madre Igreja (que alguns detractores alegam ter existido em demasia) e, com as preces do Santo Padre Cruz redireccionadas para onde o poder temporal não chega, Portugal ter-se-ia igualmente livrado da fome e da penúria...

Ergo gluc.

Monsenhor Agapito Laranjeira


Post scriptum: Tenho agora a confirmação de que o Eito Fora não dá punctus enodis. Não bastasse já a oprobriosa sonegação de meu título eclesiástico, vilmente foi meu nome obliterado do rol de colaboradores constante da ficha técnica do número anterior.
Mas nem só os responsáveis pelo pasquim me dão perpétuos desgostos: apesar da proibição bem patente na capa, chegaram-me informações fidedignas de que transmontanos anónimos foram vistos a adquirir — e, supõe-se, até a ler! — esta execrável publicação. Oh! Tão baixo desceu o nosso Portugal!

Notas:

1 Este sim, é veramente o bâgue do Milénio! [voltar ao texto]

2 Cf. «O tempora! o mores!» em Eito Fora n.º 7, de Abril/Maio de 1999. [voltar ao texto]

3 Oportunamente voltarei a este assunto. [voltar ao texto]

4 Oração e Vida, Apostolado da Oração, Fevereiro de 1999. [voltar ao texto]

5 Muito se enganam os tipógrafos do Eito Fora! (Se é que não se trata antes de má vontade ou tendências luciferinas...) Na edição em papel desta epístola, em vez de “Salazar” saiu “Salaczar”, trocadilho de mau gosto e deveras faltoso à verdade: O Il.mo Sr. Prof. Doutor António de Oliveira Salazar não só respeitava a autoridade papal — única representante de Cristo na Terra —, como levava uma vida de pureza monacal; quanto aos Czares, viviam numa opulência minadora dos rectos valores cristãos, com a agravante de seguirem a heresia dita ortodoxa. [voltar ao texto]


símbolo do jornal 'Eito Fora' Publicado originalmente no número 11 do jornal Eito Fora, de Janeiro/Fevereiro de 2000. voltar à página inicial

© 2000 Monsenhor Agapito Laranjeira
Design do sítio: “Os Cordeirinhos de Deus” (grupo de jovens da paróquia de Couto).
© 2000 Duarte Carvalho (fotografia)

© 1998 Eito Fora (Andarilho, símbolo do jornal)

Todo o Verdadeiro Cristão é exortado a divulgar estes textos, no respeito pela Doutrina da Santa Madre Igreja e pelas tradições multisseculares da Igreja Católica Portuguesa. Roga-se — no entanto — o obséquio de dar o devido crédito ao autor dos mesmos, Monsenhor Agapito Laranjeira. Este site é uma paródia. Monsenhor Agapito Laranjeira é uma personagem de ficção criada por Fernando Gouveia (http://secretarea.8m.com/)


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